Sede Assassina

Sede Assassina

Woodley cumpre bem seu papel e o filme consegue esconder a identidade do assassino, mas excesso de clichês incomoda

Estrelado por Shailene Woodley (de “A Culpa é das Estrelas” e “Divergente”), o thriller acompanha Eleanor, uma jovem investigadora com traumas passados que é recrutada para auxiliar o FBI na busca por um serial killer. A protagonista cumpre bem o papel que lhe é proposto, mas a sinopse e o nome traduzido da obra (no original, “Misanthrope”) são tão genéricos quanto os caminhos tomados pelo filme. Um episódio com duração inferior a uma hora de séries policiais como “Law & Order”, “CSI” ou “Criminal Minds” conseguem trazer mais aprofundamento e novidades que essa produção. 

Apesar da quantidade industrial de obviedades, o clima proporcionado pela trilha funcional, a competente fotografia, a boa trama da investigação dos suspeitos e a caçada pelo assassino conseguem prender o público – ainda que parcialmente. A ênfase no advérbio se dá porque nossa atenção é constantemente desviada por generalizações e exageros.

As decisões e opiniões de Eleanor sobre o caso são supervalorizadas pelos demais personagens, que parecem subestimar a capacidade intelectual do público.

Além disso, a condução do FBI sobre a investigação é risível e não se sustenta, descredibilizando o filme. A obra busca ainda um aprofundamento com pequenas discussões sobre a facilidade da venda de armas nos Estados Unidos, o sensacionalismo da cobertura midiática e grupos supremacistas brancos. Contudo, esses comentários de cunho político e social não apresentam nenhuma novidade em relação ao que vimos nos últimos anos e ficam na superfície. 

“Sede Assassina” funciona bem como uma Sessão da Tarde em família, mas é decepcionante quando descobrimos que ele pouco arrisca, mesmo sendo dirigido e roteirizado por Damián Szifron, que entregou muito mais no espetacular “Relatos Selvagens”, filme argentino indicado ao Oscar em 2015. Uma pena.

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