Beekeeper: Rede de Vingança

Beekeeper: Rede de Vingança

Longa não tem o mesmo charme de um “John Wick”, mas tem méritos no elenco e direção acima da média do gênero

Você, eu e qualquer outra pessoa que já sentou para assistir um filme de ação já se deparou com uma trama básica de vingança. Sabe aquela coisa de alguém importante para o protagonista morrer e isso desencadear uma sequência de destruição sem fim? “Beekeeper – Rede de Vingança” segue esse roteiro batido, mas consegue se diferenciar minimamente ao apresentar uma ameaça bastante real para os tempos atuais, somada à direção caprichada de David Ayer.

A trama

Acompanhamos Adam Clay (Jason Statham), um apicultor de cara fechada que passa seus dias cuidando de abelhas no terreno da simpática professora aposentada Eloise (Phylicia Rashad, a mãe de Adonis Creed naquela outra franquia). 

Clay se sente acolhido e feliz. Mas tudo muda quando Eloise cai num golpe digital e perde as economias de uma vida inteira, além do dinheiro da ONG que ela ajuda como diretora. Só isso já seria o suficiente para iniciar o processo vingativo – porque obviamente o personagem mal-encarado de Statham não é apenas um criador de abelhas, mas sim um ex-agente secreto mega treinado e pronto para salvar o mundo. Ele era um beekeeper, que descobrimos ser a ferramenta de uma agência que não responde a nenhum governo e que trabalha para equilibrar a “colméia mundial” quando as coisas dão errado. 

Só que o roteirista Kurt Wimmer, que também escreveu os bons “Salt” (2010) e “Código de Conduta” (2009), decide cutucar o enxame fazendo a velhinha indefesa cometer suicídio, de tão culpada que se sente por ter caído no papo dos bandidos. Como se não bastasse, o filme ainda faz com que a gangue responsável pelos esquemas fraudulentos seja ligada a uma série de grandes empresas conectadas a políticos importantíssimos dos EUA.

E aí a colmeia fica desestabilizada e o Beekeeper do título, o apicultor de Jason Statham, vai sair quebrando tudo e todos, dos mais pé-rapados, até o topo da cadeia alimentar. Ou, para manter a metáfora exaustiva do filme, chegando na abelha-rainha.


Elenco estrelado, direção inteligente

“Beekeeper” chama atenção pelos nomes do elenco, que além de Statham e Rashad, conta também com Jeremy Irons, Josh Hutcherson e Emmy Raver-Lumpman (a Allison de “Umbrella Academy”), além de uma participação especial de Minnie Driver. Esse bando de gente muito boa, e o olhar mais cuidadoso do diretor David Ayer para a narrativa, acaba fazendo a diferença para colocar o filme numa prateleira diferente de outros do gênero.

Fica claro que o foco é contar uma história e não simplesmente criar cenas supostamente épicas. E aí, colocar Jeremy Irons como um ex-Diretor da CIA que hoje em dia fica em volta do playboy drogado e inconsequente interpretado por Josh Hutcherson para não deixar que ele faça (muita) besteira com os negócios da família, ajuda muito nessa intenção.

Claro que ainda tem muita pancadaria. E boa, é importante dizer. Não tem o mesmo charme nas coreografias de luta de um John Wick, mas é interessante, especialmente pelo pouco uso de armas de fogo pelo protagonista. A maior parte da quebradeira é feita na mão, dando destaque à força bruta de Statham.


Crítica social em filme de porrada? Aqui tem!

A busca por se diferenciar traz para “Beekeeper” uma outra camada – que nem sempre funciona bem, vale destacar. Mas é interessante que esteja presente: a crítica social. As empresas que tiram dinheiro dos mais fragilizados funcionam como startups, com seus escritórios coloridos e dresscode liberado. Não só isso, elas também estão ligadas a grandes corporações que, por sua vez, se conectam a políticos.

O pano de fundo, portanto, é dizer como as pessoas são exploradas pelos donos do poder, que são as empresas e os governantes. Não tem ninguém realmente limpo. É isso que justifica a existência de alguém como o personagem principal, que tem a função de nivelar o jogo.

O julgamento moral disso fica para o espectador, mas o que se vê é que David Ayer criou um filme para satisfazer a sanha justiceira da sociedade que se sente violentada por quem está lá em cima. Ver um herói de ação ateando fogo num call center e fazendo as pessoas que trabalham lá jurar que nunca mais vão roubar dos mais vulneráveis é, no mínimo, divertido.

Pode ser que nasça aqui uma nova franquia, numa pegada muito parecida com “John Wick” e “Jack Reacher”. Potencial existe, mas se acabar neste filme, nenhuma abelha vai reclamar. O trabalho foi bem feito. 



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